As pessoas se apropriam da Amazônia e não ajudam, diz Fafá de Belém
(FOLHAPRESS) – Fafá de Belém, 68, vem despontando como voz potente do ativismo ambiental. Cada vez mais envolvida na luta pela conscientização da mudança climática, a cantora celebra sua cidade como sede da COP 30, em 2025.
Para ela, o evento é uma oportunidade para que os povos amazônicos se façam ser vistos e ouvidos. Há porém, algo que a preocupa: a apropriação de discursos em torno do tema sem que as reais necessidades dos povos da região sejam ouvidas.
“Vivemos em uma região gigantesca, falada e propagada, mas onde a miséria grassa. Belém tem um dos piores índices de saneamento básico do Brasil, apenas 2% da população da cidade tem tratamento de esgoto”, ressalta Fafá.
“Será que eles vão olhar para isso?”
“Podemos botar um tambor grande para que olhem. Não só os líderes, mas quem está lá para ver a COP e se apropriar da Amazônia sem saber do que está falando, sem qualquer tipo de ajuda real aos nossos povos”, continua. “Nossas demandas são fundamentais para o equilíbrio do planeta.”
A cantora falou com a reportagem na ocasião do lançamento de seu Fórum e Varanda de Nazaré 2025, uma espécie de camarote com convidados da cantora para o Círio de Nazaré, em outubro do próximo ano. Famosos como Thiago Oliveira, Didi Wagner e a influenciadora Jornanna Maia são alguns dos nomes da lista de convidados de Fafá.
O Círio de Nazaré, um dos maiores eventos religiosos do mundo, é mais um farol que traz visibilidade à capital paraense e volta os olhares do mundo à região amazônica.
MUDANÇA IRREVERSÍVEL
A principal luta em que Fafá está envolvida atualmente é a conscientização da mudança climática. “Se todos não tomarem consciência, daqui a cinco anos estará irreversível”, alerta.
“A responsabilidade é de todos nós, de quem nasce na Amazônia mas também de quem não nasce lá e que vive falando de Amazônia sem entender”, alfineta.
Em recente entrevista ao podcast No Tom, Fafá criticou o palco flutuante que deverá ser usado pelo Rock in Rio durante a COP 30.
“Não tenho nada contra o Rock in Rio. [Mas] esse palco, que é o Vitória Régia, foi usado num lago no Amazonas. Obviamente ele foi fundeado, em frente a Belém, num braço do rio Amazonas, onde a correnteza é gigantesca, onde o mar não tem cabelo e o vento não tem mulher. Eu fico olhando e acho muito pretensioso, quando nós temos ali [em Belém] uma pujança, nós temos nossas praças, nossos coretos. Então eu preferi me recolher.”
A COP 30 em Belém será a oportunidade não só de olhar para essas demandas, mas de chamar atenção para a cultura e a arte da região, acrescenta a cantora.
“Temos uma oportunidade gigantesca para nos fazermos presentes, nós, povos amazônicos, povos originários, quilombolas, indígenas, homens e mulheres da floresta, homens e mulheres das cidades, do campo, ribeirinhos, intelectuais, professores, fazedores culturais, músicos, artistas”, enumera. “Temos que defender nossa cultura, nosso jeito de ser e que nos olhem para saber quais são as nossas necessidades reais.”
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