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Prejuízo causado pelas queimadas em SP deve passar de R$ 1 bilhão

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse ontem que é muito difícil estimar, neste momento, os prejuízos provocados pelos incêndios no Estado, mas que seguramente vão passar de R$ 1 bilhão. Ele mencionou, em entrevista à Globo News, que mais de 20 mil hectares de áreas foram queimadas, resultando na destruição de muitas instalações, perda de animais e lavouras. Já em relação às causas do fogo, há divergências com o governo federal.

 

Tarcísio lamentou especialmente o impacto sobre os produtores de cana-de-açúcar, ressaltando a importância dessa cultura para a balança comercial de São Paulo. “Ela tem tido um resultado importante para o nosso agronegócio, até por ser uma cultura mais resistente à estiagem”, afirmou, observando que a cana-de-açúcar foi fundamental para segurar o agronegócio do Estado, principalmente graças ao açúcar e ao etanol.

De acordo com o governador, os últimos focos de incêndio, observados nas cidades de Pedregulho e Paulo de Faria, foram extintos. “Não tem nenhum foco ativo no estado de São Paulo”, afirmou, destacando que o Estado chegou a enfrentar mais de 2 mil. No entanto, Defesa Civil e bombeiros continuam mobilizados, uma vez que as condições climáticas favoráveis a incêndios devem voltar nesta semana.

AUXÍLIO GOVERNAMENTAL

Com os focos de incêndio extintos, o governo paulista se prepara agora para criar e implementar medidas a fim de amenizar os prejuízos causados ao agronegócio pelas queimadas. Caso da subvenção de R$ 100 milhões para o seguro rural, que, segundo o governador, tem o objetivo de tornar o acesso ao seguro mais acessível para os produtores.

Além disso, ele relembrou a linha de crédito de R$ 10 milhões do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista para pequenos produtores, com taxa de juros zero e carência de dois anos, anunciada no domingo. “É um recurso que vai poder ser empregado no custeio para dar o reinício para recuperar suas lavouras, recuperar os seus animais.”

CAUSAS

O governo federal e o governo de São Paulo apontam suspeitas diferentes para a origem das queimadas que têm causado transtornos no interior de São Paulo desde o fim da semana passada. O Ministério do Meio Ambiente vê indícios de crime orquestrado. Já o governo estadual diz que prendeu três suspeitos e investiga crimes, mas afirma não ver sinais de ação organizada.

O Ibama afirma que o início dos focos de forma quase simultânea na sexta-feira é um indício de ação orquestrada. Já a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que não há até agora elementos que conectem as ocorrências e acredita que o espalhamento rápido se deve às condições climáticas adversas.

Ao Estadão, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que a maioria dos incêndios iniciados em São Paulo ocorrem em decorrência da ação humana “A parte estranha é que, de fato, as ignições aconteceram quase todas no mesmo momento. Obviamente também estava quente, baixa umidade, ventando”, disse.

Por outro lado, segundo Agostinho, também chama a atenção a falta de raios nos últimos dias, o que resultaria em ignições espontâneas. “Cria uma desconfiança, mas tem de ser investigado.” Ele também descarta participação de produtores de fazendas de cana-de-açúcar. “Acabou a queima da cana há muito tempo. E, em São Paulo, as usinas não têm mais essa prática. As usinas aproveitam a palha para gerar energia dentro da própria usina. Não faz sentido que elas tenham colocado fogo”, diz.

Tarcísio de Freitas afirmou que o Estado “não vai tolerar” delitos desse tipo, ao citar o caso de um detido em Batatais, que estava com um galão de gasolina e disse pertencer a uma facção criminosa. Ele, porém, destaca não ver indícios de ação coordenada. “Não me parece. Tem estiagem muito pesada, lavouras que estavam secas, calor extremo, baixa umidade relativa do ar e muito vento. Qualquer coisa pode provocar uma ignição”, afirmou.

A Polícia Civil investiga, por exemplo, se foi criminoso um incêndio que destruiu dezenas de veículos em um depósito em Dumont, cidade a cerca de 20 quilômetros de Ribeirão Preto, no sábado. Segundo a polícia, os veículos eram particulares e haviam sido recolhidos em função de irregularidades. O espaço fica próximo de uma área rural com plantação de cana-de-açúcar. Pelas informações preliminares, o fogo começou nessa área e se alastrou, atingindo os carros.

ESPECIALISTAS

Marcelo Seluchi, coordenador de operações do Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), e o físico Paulo Artaxo, integrante do Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU), acreditam que um grande número de incêndios pode ter sido criminoso, mas se espalhou rapidamente por causa das condições climáticas.

“A maior parte dos incêndios (em São Paulo) começou na sexta-feira, às 12h30. Não existe fenômeno natural com hora marcada para começar”, afirmou Artaxo. “Há forte indício de que os incêndios foram provocados.” 

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