Tema da Casa Verde, Fafá de Belém pediu fantasia sem brilho e paetê
ANAHI MARTINHO E MANOELLA SMITH
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Prestes a completar 50 anos de carreira, Fafá de Belém foi homenageada pela Império da Casa Verde, que desfilou neste sábado (10) o tema “Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta”.
“Já desfilei muito no Rio e fui enredo em Belém do Pará. Mas ser o tema de uma escola de São Paulo prestes a fazer 50 anos de carreira é muito forte”, contou a cantora, emocionada, enquanto se preparava para entrar na avenida.
“Não é a minha história que se conta, é a história da cultura do meu povo”, disse orgulhosa. “Sou nascida no norte do país, no coração da Amazônia. Sou mais uma menina, como tantas outras, da minha terra.”
A caracterização da cantora, que encerra o desfile da escola no último carro, inclui maquiagem sóbria, sem brilho ou purpurina, com pintura indígena e uma peruca branca, lisa e longa, que ela chamou de “manto de cabelos”. “Nossas mulheres são assim: cabelo grande e boca vermelha é o que não falta”, brinca.
A sobriedade da maquiagem e dispensa dos brilhos foi pedido da própria cantora aos carnavalescos da Império da Casa Verde. “Eu encerro a escola sem muito brilho, sem lantejoula e sem paetê, porque quero encerrar como uma mulher veio ao mundo”, diz ela, que também não queria que sua fantasia concorresse com o carro alegórico: um indígena de oito metros de altura a bordo do qual ela entra na avenida.
“É muito forte tudo isso para eu ser a estrela, não dá pra dar pinta de diva”, segue, rindo.
Os foliões que acompanham Fafá no último carro vão vestidos com batas bordadas por artesãs da Ilha de Marajó. Já o figurino da cantora, um manto roxo e vermelho, é inspirado nas óperas, um dos símbolos da cidade de Belém.
Outro símbolo que Fafá não deixou de fora foi a padroeira de sua terra, Nossa Senhora de Nazaré, representada em forma de muiraquitã em uma joia feita sob encomenda por um artista local.
Fafá acrescenta que o tema da escola ajuda a trazer representatividade para as questões sociais e ambientais da região Norte. “A Amazônia é sub-vista, sub-analisada. Eu espero que com a COP vindo aqui as pessoas olhem para a gente com graça, respeito e sinceridade”, diz. “É preciso lutar por uma melhor possibilidade de vida para os povos ribeirinhos, indígenas e quilombolas”.
Em sua estreia como homenageada do Carnaval paulista, Fafá entrou na avenida ansiosa pelo título. “Se Deus quiser, todos os orixás e o povo da floresta”, diz ela, que se vestiu de Yemanjá no Carnaval de Salvador, no trio de Daniela Mercury. “Foi a primeira vez que subi num trio elétrico”, exclama. “Este é um ano cheio de estreias.”
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