Um ano após o terremoto na Turquia, muitos ainda procuram entes queridos
Na manhã de 6 de fevereiro de 2023, Tugba Akyuz e sua família dirigiram-se ao apartamento de seu irmão, Mustafa Batuhan Gulec, apenas para encontrar ruínas. Um ano após o devastador terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o sudeste da Turquia e a vizinha Síria, a família ainda busca por ele.
“Se estivesse vivo, ele nos encontraria. Todos têm um lugar para ir em 6 de fevereiro. Nós não. Queremos pelo menos saber onde ele está”, confessou Tugba à agência Reuters.
Um ano após o desastre que tirou a vida de quase 60 mil pessoas na Turquia e na Síria, as famílias que têm entes queridos desaparecidos continuam pressionando as autoridades e sofrendo com a incerteza sobre o que lhes aconteceu.
De acordo com a Associação de Solidariedade com as Vítimas do Terremoto e Parentes dos Desaparecidos (DEMAK), o paradeiro de 140 pessoas, incluindo 38 crianças, ainda é desconhecido. Destas, 118 teriam desaparecido em Hatay, a região mais afetada.
Grávida de oito meses no momento do desastre, Tugba recordou o choque ao ver os escombros do prédio do irmão. Acompanhada pela mãe, pelo marido e pelos dois filhos, ela procurou o irmão entre as chapas de metal caídas, mas a busca foi infrutífera.
A família acompanhou as operações de busca por oito dias, sem sucesso. Tugba, advogada, recorreu aos tribunais, cemitérios e registros hospitalares, declarando o irmão como desaparecido.
Após postar fotos nas redes sociais, ela recebeu uma ligação informando que o irmão teria sido retirado do edifício vizinho e colocado em um veículo branco. Apesar de reacender as esperanças, Tugba acredita que o irmão foi enterrado em uma cova não identificada.
Aysun Celenk compartilha uma história semelhante, aguardando ansiosamente que a irmã, Berna, e o cunhado, Kemal Torun, emergissem dos escombros. No sexto dia, uma retroescavadeira iniciou a busca por corpos, mas nenhum deles foi encontrado.
“Havia um mercado sob o prédio. Os geradores explodiram e provocaram um incêndio. Talvez tenham derretido no fogo”, ponderou Aysun, que visita o local pelo menos três vezes por semana, buscando qualquer vestígio de seus entes queridos. “Minha irmã significava tudo para mim. Esqueçam os ossos, estou procurando pelos dentes dela”, admitiu.
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